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sexta-feira, 22 de abril de 2011

Viver é amar


Em plena sexta-feira da paixão, resolvi deixar de lado os livros jurídicos para tentar escrever algo que preste aqui no blog. Em um primeiro momento, pensei em falar sobre a inconstitucionalidade dos feriados no Brasil, afinal, somos um país laico. Mas convenhamos, a quem interessaria ler ou defender essa tese? De repente, só Judas mesmo.
Esqueçamos Judas, até porque esse aí reencarnou em cada argentino que existe neste planeta. Mas fiquemos com parte do simbolismo da Páscoa, tudo bem? Muitos aprenderam desde pequeno no colégio que Jesus, em um ato inequívoco de amor, sacrificou sua própria vida para salvar a humanidade, não foi? Calma gente, não estou instigando suicídio em massa neste espaço, pelo amor de Deus! O que eu quero mesmo é falar de amor, algo que nos acompanha muitas vezes em período anterior a nossa própria concepção, ok?
Inicialmente, pensei em falar de amor dos pais em relação aos seus filhos. Depois, em amor entre amigos, irmãos ou mesmo com o time de futebol do coração. Talvez em outro momento. Hoje, quero falar sobre o amor entre um homem e uma mulher (ok, se por acaso algum leitor for da coluna do meio, não se sinta desmerecido, basta trocar as palavras e compreender o real sentido da mensagem, beleza? Não quero nenhuma ONG ou Associação de Defesa das Relações Homoafetivas caindo de pau em cima de mim. A uma porque esse negócio de pau cair em cima de mim não é comigo. Segundo porque defendo a necessidade de se reconhecer o direito das minorias, terceiro porque estamos em um regime democrático, então meu/minha caro(a) GLS, há de se respeitar também a opinião alheia, seja ela contrária ou não à causa que você defende. De uns tempos para cá, ser tradicional é quase cometer um crime. Enfim, isso é assunto para outro texto do blog).
Por que duas pessoas se amam? Destino? Acaso? Sorte? Necessidade? Medo? Um pouco disso tudo? É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo? É possível trair quem a gente ama? É possível viver mais de um "grande amor"?
Muitas indagações, muitas reflexões, poucas respostas, nenhuma certeza. Ao contrário do tema "por que os homens traem?" que em breve lançarei aqui no blog, nesse texto, vou tentar compartilhar a minha experiência e opinião sobre o amor, tomando um cuidado para que o lado machista não fale mais alto. Deixarei as espadas de Jorge de lado e entrarei de corpo e alma no tema. Vamos ver que bicho vai dar (só não podem ser a zebra e o veado rs ...).
Eu já disse isso em outra oportunidade aqui no blog, mas volto a repetir: acho que o sentido maior de duas pessoas se amarem é poderem, juntas, compartilhar momentos de suas vidas umas com as outras. Alegrias, tristezas, decepções, conquistas, realizações, mesmo que seja por semanas, meses, anos, décadas ou uma vida inteira. Embora condenados a viver em sociedade, somos um animal essencialmente solitário. No outro, buscamos um sentido diverso à vida, muito além da idéia de reprodução e continuidade da vida. Nos braços ou nos ombros de quem amamos, encontramos um significado, um motivo para cada dia levantarmos de nossas camas e tocarmos com coragem nossos caminhos.
Ninguém nasce e cresce para viver na mais pura solidão. Embora eu discorde dessa idéia de alma gêmea (afinal, sentimentos humanos são volúveis, oscilando a cada estação do ano), reconheço a importância de ter uma pessoa ao nosso lado. O amor se traduz em gestos simples, porém eternizados em nossas lembranças. Desde o torpedo de madrugada até aquele carinho espontâneo e natural depois de uma noite de sexo, fato é que ao se amar alguém, você de alguma forma se conecta com aquela pessoa, passa a ser e ter um pouquinho dela dentro de você. Duvido que alguém que leia esse texto realmente ache e queira para si uma vida sem ninguém ao lado. Isso contraria a ordem natural das coisas, atenta contra a nossa própria natureza.
Óbvio que dependendo da época da vida que você se encontre, amar alguém não é um objetivo, um desejo ou uma missão. Pelo contrário, parece ser uma idéia de gente fraca, velha ou que vive em um mundo a parte, não é? De qualquer maneira, até mesmo as pessoas solteiras deveriam de verdade saber a importância de se viver bem e feliz estando solteiro ou sozinho. Isso faz parte do amadurecimento para amanhã se estar com alguém, tornando a relação possível e êxitosa (e não hesitosa, minha gente).
Não posso dizer de como eram as coisas no passado. Em tese, não estava vivo. Tampouco posso prever o futuro (o que me deixa chateado pela impossibilidade de acertar nos números da mega sena), mas posso falar de como as coisas são no presente. A maior parte das pessoas durante uma vida ama de verdade duas ou mais pessoas. É um ciclo que parece ser viciante, com início, meio e fim. Muitas vezes, a dor parece não querer cicatrizar e mesmo assim, depois de um certo tempo, o indivíduo se lança novamente em outra relação. Incrível o poder de auto flagelo do ser humano. Mas, possivelmente, o sujeito só se predispõe a isso porque amar e ser amado é algo necessário a todo mundo. Quem não vive melhor ao perceber que é amado por outra pessoa? Isso em qualquer nível de relação humana (filho, amigo, pai etc).
O amor é combustível e receita de uma vida melhor. Você pode ter dúvidas sobre a sua fé, temer o dia seguinte à morte, mas, em relação ao amor, você admite que mesmo atentando muitas vezes contra a sua felicidade, ele é indispensável.
Particularmente, é difícil tratar desse assunto hoje em dia. Há muito, meu coração permanece indiferente. Não quer dizer que eu não goste ou tenha gostado de alguém que passou pela minha vida. Longe disso. Contudo, além das dificuldades naturais impostas pela vida, a barreira do objetivo profissional ainda reduz esse meu ímpeto em mergulhar de cabeça em um novo amor. Mas eu sei que ele (o amor, porra) anda por aí, caminhando perdido a espera de um tropeço das minhas razões. Duelo de titãs, mas o final será feliz para todos os lados. Eu tenho certeza disso.
Depois dessa pseudo confissão, para muitos um autêntico desabafo ou jogada de marketing (a crítica pega pesado comigo, vocês não fazem idéia. Fora os patrocinadores, chatos toda vida!), vou prosseguir falando sobre o amor.
Muitas vezes, ele vem por acaso. Você já conhece determinada pessoa há tempos e nunca se interessou por ela. Até o dia em que, entre uma rodada e outra de cerveja, vodka ou uísque, você se deixa envolver. Um abraço, filho. Já era. Engraçado que em mais uma ocasião, já ouvi de pessoas justificando a outras a impossibilidade de terem algo mais sério porque a outra parte era amiga, gente boa, mil e uma qualidades. Ora cara pálida, então o negócio é dar chance para filho da puta, mau caráter e repleto de defeitos? Faça-me o favor né.
Há ainda aqueles casos inusitados. O indivíduo decide não sair de casa naquele dia porque está sem dinheiro e/ou disposição. Está de pijama quando toca o celular e do outro lado da linha surge aquele convite para um programa furada lá onde Judas perdeu as botas (esse Judas é um sujeito estranho mesmo ...). Depois de receber mil e uma ameaças, é convencido a acompanhar o amigo ou a amiga. Você vai para um lugar que não faz o seu estilo, mas justamente naquele dia, ali por volta da metade da noite, você esbarra sem querer perto da fila do banheiro com uma pessoa que desperta sua atenção (e que de repente está ali na mesma furada que você). Trocam meia dúzias de palavras e pronto, rolou afinidade e meses depois, vocês estão namorando, apaixonados e cada um com um amigo do lado se vangloriando de terem sido os padrinhos da relação.
Não esqueçamos daquela viagem que você cancelou ou marcou aos 45 do segundo tempo. Sem nenhuma expectativa, você vai para algum lugar que até dias antes sequer imaginava que fosse estar. E quis o destino que uma pessoa passe justamente naquele momento pela sua vida. Você se encanta, faz juras de amor. Volta apaixonado e achando graça de tudo.
Engraçado que para cada situação acima narrada, consigo lembrar de alguém em especial. Se é assim comigo, é assim com todo mundo! Admitam, admitam!
Claro que tem também situações mais comuns. Quem nunca teve um amigo ou uma amiga que em alguma noitada em boate, em algum chopp ou mesmo em alguma festa, não te apresentou um amigo ou amiga dizendo que era alguém "super a ver com você"? Ou então, no auge da sua solteirice, em pleno carnaval, você encontra uma pessoa bacana e que em seguida se transforma em um relacionamento firme e forte? Ah, lembrei, preciso dizer também daqueles relacionamentos que começam no ambiente de trabalho? Onde se ganha o pão não se come a tarde, você vive escutando isso. Pois é, mas, a questão é: quem consegue controlar o amor?
Na vida, um amor nasce, desenvolve-se e em muitas oportunidades, morre com o tempo. Depois renasce, alguns com alguma "doença congênita", outros ainda mais intensos. O que não se pode fazer é se trancar para ele. É impedir sua entrada em seu corpo, em sua mente. É não acreditar que amor só é sinônimo de lágrimas, decepções e tristezas. É confiar que o amor é muito mais que brigas, crises de ciúmes ou puramente sexo. O amor está em um patamar acima disso tudo. Aliás, o amor é gênero do qual os demais sentimentos humanos são espécies.
Amar não tem fórmula ou receita. Não há manual. Cada relacionamento tem suas próprias peculiaridades. É preciso um auto conhecimento, uma certa dose de coragem porque nem sempre o caminho é feito de pétalas de rosa. Morreremos por amor, morreremos de amor, morreremos sem saber ao certo como lidar com o amor. Mas, que em algum ou em vários momentos da vida possamos experimentar o amor.
Quanto menos tempo o homem se dedica ao amor, mais sobra a ele para gastar com guerras, com violências e demais mazelas que atormentam as sociedades desde os tempos mais primórdios.
Um homem falar de amor pode ser um tabu. A vida está cheia deles. Falar de amor não torna ninguém melhor ou pior, talvez mais humano. Desperdiçamos oportunidades ao longo da vida de exteriorizar esse sentimento a alguém. Não se iniba. Força, coragem, vamos guerreiro!
Seja sincero consigo e comigo: você prefere viver uma vida inteira sem alguém para amar ou viver parte dela com um ou vários amores? Deixe o orgulho de lado e responda abaixo com sinceridade. Ao menos uma vez na vida seja sincero com o amor, ok?
Lembranças de noitadas e farras homéricas se perdem pelo caminho. A experiência de um amor se perpetua em você para sempre. Lembre-se disso. Afinal, para amar, basta estar vivo. Viver é amar. Amar é viver.
A todos, um "eu te amo", obrigado e Feliz Páscoa!

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