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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Obra do Destino ou do Acaso?

O que acontece em nossas vidas é obra do destino ou do acaso?
Desculpe-me cortar o seu barato, mas a resposta a essa pergunta está além da compreensão humana. Tudo que for dito aqui se resumem a meras suposições, de quem a cada segundo formula argumentos razoáveis para cada um dos lados. Não sei bem como te dizer isso, mas é provável que você só tenha certeza mesmo depois que morrer. Agora, se Deus não existir, você vai morrer e continuar sem saber a resposta. Difícil, né?
Um religioso dirá que tudo que acontece em nossas vidas decorre da vontade divina, previamente estabelecida. Em sentido contrário, existirão pessoas que rechaçarão essa idéia, sob o argumento de que não seríamos meramente marionetes de terceiros, sendo o livre arbítrio e a fatalidade (ou acaso, como preferirem) condutores dos sucessivos e distintos rumos que a vida da gente toma ao longo dos anos.
Quem está certo e quem está errado? Como disse, eu não tenho a resposta. Mas, posso falar um pouco de cada um desses dois extremos.
Por mais cético, racional e ateu que você possa ser, é inegável que em diversos momentos da sua vida foi possível enxergar a presença de Deus, ou ao menos invocá-la. Talvez, a dificuldade dos homens em compreender a fé e a religião resulte justamente em visualizar Deus em sua essência humana. E a teimosia em querer racionalizar e equacionar como se tudo fosse uma grande fórmula matemática também afasta bastante o homem de Deus e das respostas às perguntas que ainda não foram respondidas. Tudo seria tão mais fácil se aceitássemos a idéia de que certas questões prescindem de respostas ou esclarecimentos. Estão ali para serem somente vividas e não compreendidas.
Não adianta relutar: a história da sociedade caminha de mãos dadas com a religião. Diria até se tratar de algo cultural, que se transmite de gerações a gerações. Presumir a existência de uma entidade superior responsável pela vida em suas mais variadas concepções não é algo tão absurdo. E isso é um passo para aceitar que essa tal entidade possa interferir e ser diretamente responsável por tudo que te acontece. Não tente negar o óbvio, você pode até não acreditar em Deus, mas ainda assim carrega dentro de si uma fé em compasso de espera para ser testada e explorada em algum momento da sua vida. Com sinceridade, me responda: se você estiver dentro de um avião que está prestes a cair no Oceano Atlântico, o que faria? Jura? Verdade? Olha lá, hein. Bem, 9 entre 10 pessoas que responderem essa pergunta dirão que, entre lágrimas, gritos de desespero e promessas de amor eterno, rezariam a Deus e pediriam perdão por seus erros e que protegesse seus entes queridos.
No entanto, hoje você pode ter amanhecido de mau humor depois de ter dormido de calça jeans a noite inteira e só de sacanagem vai contrariar tudo o que eu disser. Tudo bem, é direito seu, embora eu não goste muito dessa coisa de ser contrariado e dessa tal democracia débil que detona a vida da gente todos os dias. Mas, por amor ao debate, vamos defender o outro lado, que não necessariamente é o lado negro da força, ok?
Mas e se nada que acontece em nossas vidas decorrer de algo pré estabelecido? Se tudo for resultado de nossas escolhas em conjunto com o acaso, com a fatalidade? Trilhar esse caminho é fazer da imprevisibilidade um aliado ou um inimigo impossível de ser compreendido, superado ou derrotado.
Quem defende essa posição não pode ser muito afeto à idéia, por exemplo, de que "fulano é o amor da minha vida" e coisas do gênero, afinal, nunca se sabe o dia de amanhã. Se você não acredita em destino, o dia de amanhã é imprevisível, por mais que a rotina te enclausure. Tudo é possível, meu caro. O acaso te força a tomar decisões que você não tem como dimensionar as consequências e os desdobramentos. Mas, te confere liberdade para ir atrás de seus sonhos, de atrair ou repulsar coisas e pessoas de perto de você. Além disso, o acaso permitiria novos e sucessivos ciclos e reinícios ao longo da vida. Há a célebre frase : "a cada escolha, uma renúncia". Por trás de toda escolha, pessoas e lugares se afastam, outras se aproximam, momentos e sentimentos se misturam. E uma nova vida é simplesmente vivida, experimentada. Ademais, estas escolhas seriam frutos de experiências particulares de cada um, não seguindo qualquer lógica, não havendo que se falar em certezas.
Comigo, em apertada síntese, teria funcionado assim: minha mãe é nordestina, meu pai é capixaba. Meus avós paternos eram libaneses e somente se conheceram no Brasil, no interior do Espírito Santo. Nasci no Rio de Janeiro no bairro do Grajaú, mas minha vida inteira morei na Tijuca. Estudei em colégio católico e por várias vezes errei o "Pai Nosso". Já chorei, briguei, agradeci e rompi com Deus. Já fui um aluno exemplar, mas cheguei a ser suspenso no colégio por confusão com um grande amigo na aula de Educação Física. Contrariando o biotipo e o histórico familiar, sempre pratiquei esportes. Comecei com o judô, passei pela natação, fugi do volêi e pelos centímetros a mais, resolvi jogar basquete. Por conta do vestibular, abreviei minha carreira esportiva. Comecei o 3º ano como candidato à faculdade de Medicina e terminei entrando para o curso de Direito. Adorava a Candido Mendes Centro, onde me tornei representante de turma, fiz amigos, ganhei título como atleta do basquete, vivenciei coisas novas. Até que meu pai teve câncer novamente. Larguei tudo, resolvi estudar de novo. O coroa se foi, mas passei para UFRJ. Conheci meus melhores amigos lá. Fui padrinho de alguns e outros serão os meus. Achei que seria delegado, me tornei um advogado. Logo no primeiro estágio, ganhei um amigo para toda a vida, meu primeiro chefe. Pouco tempo depois, em uma manhã ensolarada de um domingo qualquer caminhando pelas ruas da Tijuca, reencontrei um amigo querido da época do basquete que trabalhava em um grande escritório de advocacia. Mandei currículo, fiz prova e de repente estava em outro estágio. Voltei a jogar basquete pela faculdade. Perdi jogos, ganhei partidas, xinguei e fui xingado. Amigos e inimigos aos montes. Na época que mais desejei e gostei de estar solteiro, encontrei alguém que estagiava do meu lado. Amei como nunca amei alguém. Larguei o estágio para me dedicar aos estudos. Na semana seguinte consegui um outro estágio. Um mês depois fui contratado. Monografia em uma semana, OAB em três dias, mas formei e me tornei advogado. O amor chegou ao fim, rompi, sofri, chorei, sobrevivi. Renasci, recomecei. Viajei, conheci lugares e pessoas, namorei outras vezes. Amei e fui amado. Odiei e fui ainda mais odiado. Larguei tudo e a todos. Engordei. Perdi cabelo, envelheci. Vivi, fui feliz. Refleti e decidi: ano novo, vida nova. Meu Deus, como tudo que aconteceu comigo pareceu seguir uma lógica, ainda que imprevisível e inusitada. Mas, em cada capítulo desse uma lição, um aprendizado, um traço de Deus eu pude perceber. Tomei decisões algumas vezes, em outras tomaram por mim. Quando não dava nada por algo ou alguém, me surpreendi. Naquela noite que eu não queria sair, conheci pessoas especiais. As viagens que tinham tudo para não acontecer, aconteceram. Novos caminhos, novas opções, novas portas e uma grande experiência. Eis a vida, única, essencial. O amanhã é apenas um novo dia. Um dia para novas decisões, novos caminhos. Acaso e destino nunca me causaram medo. Medo mesmo eu tenho de passar por aqui e não deixar um legado, ainda que seja para o filho que um dia pretendo ter.
Em outras palavras, o acaso seria tão somente uma espécie do qual o destino é gênero. Eita, falei difícil e complicado! Merda. Explicando (ou tentando): de repente o cara lá em cima escreveu inúmeros capítulos para nossas vidas, compostos de diferentes alternativas já pré-estabelecidas, cabendo ao homem escolher por qual porta entrar e qual caminho seguir ao longo da vida. E que tais escolhas provocariam os acasos que nos deparamos diariamente em nossas vidas. É uma tese, apenas uma tese, nada mais do que uma tese. Ninguém precisa me indicar ao Oscar ou ao Prêmio Nobal de Personalidade do Século XXI por isso. Se bem que a idéia não seria tão ruim ...
Mas, enfim, a escolha deste tema não foi a toa. Diria que precede um momento particular de reflexão. De "A a Z", mil coisas passam pela minha cabeça todos os dias. Como a maioria sabe, eu sou 8 ou 80. A monotonia cansa e me deixa angustiado. Logo, gerar conflitos, por incrível que isso pareça, me traz o conforto necessário que preciso. Estranho, não? Bastante. Mas reparem no meu drama: ao acordar ontem, tinha outros planos para o meu domingo. Ir ao cinema sequer passava pela minha cabeça até o meio da tarde. Mas, acabei indo. Só que assistir "Agentes do Destino" não era a minha opção número 1. E mesmo assim o fiz. Por conta dos estudos, tinha programado escrever só no fim desta semana aqui no blog, porém o estou fazendo em plena segunda-feira. Terá sido por acaso ou coisa do destino? Acho que nunca saberei ...

Um comentário:

  1. Muito legal o seu texto e bastante polêmico realmente. Acredito que todos nós, seres humanos, pensantes, vivemos procurando respostas para nossa vida.Desde criança tive uma formação religiosa que agradeço aos meus pais, e que me deu uma base sólida de princípios, valores e respostas para esses questionamentos. Acredito em Deus, mas não numa vida predestinada. Acho que a vida é feita de escolhas e fatalidades que todas as pessoas no mundo estão sujeitas a passar. Acredito que o sofrimento esta ai porque o ser humano quis viver independente de Deus desde o início, e ele deixou, para que as pessoas vissem que um mundo sem Deus chegaria ao caos e que o homem por si so, se auto destroi. Por isso a falta de amor, o egoismo, a violência, a ganância crescente. Mas Deus ajuda e dar força para aqueles que se aproximam e crer nele, além de prometer uma esperança de dias melhores.

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