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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A chatice das redes sociais

Olá, Rapaziada.


Enquanto o sono não chega, resolvi escrever novamente neste blog. Como não houve nenhuma reclamação nos últimos quatro meses, desconfio que ninguém sentiu falta das besteiras que escrevo aqui. Tudo bem, vou confessar que não estava incomodado com a minha aposentadoria precoce na arte da pseudo literatura brasileira.


Mas, por uma questão de pleno gozo do meu juízo mental, optei por ficar com as minhas besteiras a submeter-me a tortura psicológica, moral e espiritual que é acompanhar o Rock in Rio na Globo neste domingo chuvoso. Principalmente em dia de "Metal". Enfim, em tempos de tolerância sexual, a diversidade musical é o menor dos problemas.


O tema de debate hoje é esse fenômeno das redes sociais de relacionamento. 9 de cada 10 brasileiros possuem uma conta no facebook. Até aí nenhum problema. Pelo contrário, em uma era de muito tempo dedicado aos projetos profissionais e pessoais (filhos, relacionamentos etc), em que se sobra pouquíssimo tempo para cultivo das amizades (principalmente depois de terminada a faculdade), esses sites de relacionamentos desempenham verdadeira função social, pois permite ao sujeito ter a sensação de estar sempre perto ou em contato de seus amigos, mesmo que não os veja há meses.


Até pouco tempo atrás, o orkut era um fenômeno tipicamente brasileiro, que foi superado há poucas semanas pelo facebook (sucesso mundial). Não vou adentrar no mérito se estamos enriquecendo os donos dessas empresas, se eles estão nos controlando, acessando nossos dados e tal. A conspiração eu deixo a cargo dos meus amigos botafoguenses. Vou tocar num ponto além disso: o massacre que promovemos nessas redes de relacionamentos, senão vejamos.

Faça a experiência: acesse o perfil de algum amigo seu estrangeiro. Compare. Veja como o brasileiro simplesmente vive para o facebook. O sujeito peida e posta lá. Viu alguém tombar na rua e deixa seu recado. Viaja ou sai para algum lugar ou programa e tira 171 fotos, com a única intenção de "postar no fb e curtir com os amigos". Chega a ser uma mentalidade bisonha, quiçá doentia, não acham? Revela, talvez, um pouco do abismo que separa o brasileiro de sociedades culturalmente mais avançadas, onde não se observa tamanha exploração/manuseio por tais redes sociais.


Experimente ir a um bar ou restaurante. Dê uma olhada ao seu redor. Duvido que não haja meia dúzia de pessoas ignorando as demais pessoas na mesa e ao que está sendo discutido por todos, por estar compenetrada em seus respectivos celulares com acesso ao facebook. Aliás, quem nunca fez isso pelo menos uma vez na vida?


Sei lá, talvez não a nossa geração (ok, a minha, afinal, sou trintenário), mas as que nos sucederão mais a frente estão simplesmente desenvolvendo relacionamentos virtuais. Para que marcar cinemas, chopps, peladas de futebol se podemos "curtir" tudo pelo facebook? Me chamem de velho (algo corriqueiro, aliás), mas prefiro a moda antiga e mais romântica das amizades, "face to face". Porra, eu disse face e não facebook!


Vejam o exemplo recente do Rock in Rio. Nos últimos dias, pipocaram as mensagens de pessoas querendo vender, comprar, trocar ou compartilhar que fulano ou beltrano estava chapado no show e tal. De repente, só se fala isso no facebook. Um saco! Parece que a vida inteligente migrou para outro lugar! Se não já bastassem as quartas e domingos, dias em que somente se comenta sobre futebol (digo também por mim), tem-se agora experimentado o massacre promovido por grandes eventos nacionais e mundiais. Quem não lembra das eleições presidenciais? Durante semanas o que surgiu de especialista político não foi brincadeira. Cada um promovendo suas verdades, seus devaneios (abandonado no dia seguinte à vitória da Dilma).


E mesmo na hora do debate, o brasileiro é pobre e medíocre. Não consegue fazê-lo sem misturar razão e emoção. A quantidade de tolice dita virtualmente é proporcional às merdas feitas no Congresso Nacional, com a chancela do Poder Executivo e a conveniência do Judiciário.


Nessa onda de massacres, verifica-se um desperdício de tempo, de talento e tudo mais. Nossos protestos e observações se restringem ao campo virtual. Exemplo: Corrupção no Ministério do Turismo e no segundo seguinte é lançada uma campanha no twitter "fora fulano", com adesão imediata de centena de milhares de seguidores. Na prática, ninguém vai à rua protestar ou exigir das autoridades uma mudança efetiva.


Nos tornarmos reféns das redes de relacionamentos. Tal como os viciados em álcool e drogas, estamos igualmente adoecidos. Se ao menos as discussões promovessem melhorias em alguns setores da sociedade ou resultassem em transformações significativas em nossas vidas ...


A crítica apresentada acima aproveita a minha pessoa. Não sou diferente de ninguém, tampouco me julgo melhor. Apenas trouxe um ponto de reflexão. O excesso leva à fadiga. E isso certamente é prejudicial ao brilhantismo da idéia trazida por esses sites de relacionamento, que é permitir justamente essa conexão e interação entre pessoas que estão distantes. O massacre diário das mesmices de apontamentos e inutilidade de observações conduz ao abismo esse fenômeno das redes sociais, que tem a sua importância, é claro.


Por óbvio, enxergo nessas redes sociais de relacionamentos grandes benefícios e utilidades no dia-a-dia. Mas, isto tem se tornado exceção à regra das chatices de manifestações apresentadas diariamente pelos usuários dessas redes sociais.


Enfim, fica o protesto. Poderia excluir ou ignorar quem posta ou apresenta esse tipo de comportamento no meu facebook, mas isso atentaria justamente contra a idéia do site de relacionamentos, não acha? Portanto, fica a dica ...


Em tempo (1): não há como esquecer da edição antiga do Rock in Rio. Em especial, dois dias. O dia 18 de janeiro de 2001. Eu não fui "prestigiar" Sandy&Junior, mas me lembro da (tentativa de) ligação que fiz ao meu irmão que lá estava para avisá-lo que tinha sido aprovado no vestibular da UFRJ. Muita emoção e choro pelos dias difíceis então vividos. E no dia 21, último dia do Rock in Rio, pela mais sábia decisão já tomada em minha vida: nunca mais voltar a uma edição do RIR: dificuldade para ir ao banheiro, comprar e pegar bebida, encontrar pessoas no local (200 mil estiveram no dia 21.01.2001), perrengue para chegar e sair da Cidade do Rock. E pelas melecas pretas no nariz. Isso sem contar o desgosto de ver o vocalista do SilverChair fazendo sexo oral com o microfone e o som distante e falho durante o show do Red Hot Chilli Peppers. Ah, e com 2 metros de altura, fui o alvo predileto de garrafas plásticas e outros objetos atirados por populares indignados por eu prejudicar a visão deles ... enfim, Rock in Rio nunca mais! Pelo menos, não no Rio de Janeiro. Há quem goste e me chame de maluco, mas cada um no seu quadrado e viva a liberdade de expressão. Foda-se as disposições em contrário.