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sábado, 24 de março de 2012

Reféns do Livre Arbítrio


Quem acompanha este blog deve saber minha predileção por títulos convidativos em meus textos.

Na maioria das vezes serve não apenas para despertar a curiosidade alheia, mas principalmente para conferir um certo grau de ironia ou forçar uma pequena reflexão de quem opta por lê-los.

Aliás, estou bastante satisfeito com o retorno das pessoas aqui no blog. Em pouco mais de um ano e cerca de 20 textos, consegui fidelizar um público bem interessante. Em média, são 900 acessos mensais (excluindo-se os meses que fiquei sem postar nenhum texto). Muito bacana isso. Não tive a sensibilidade para escrever 20 bons textos, admito, mas alguns são realmente dignos de leitura. Seja como for, conto com a divulgação de vocês. Quem sabe um dia eu não consiga transformar minhas palavras em fonte única ou autônoma de subsistência? Ter uma coluna em jornal ou revista? Trabalhar em uma Copa do Mundo? Seria um sonho. Mas, por enquanto, já fico satisfeito se elas de alguma forma promoverem reflexões e tocarem o coração de vocês. 

Deixemos de lado agora esse início midiático e abordemos o tema sugerido no título.

Aliás, esse título é bem interessante e revela, a princípio, duas idéias completamente antagônicas: prisão e liberdade, não concorda?

Acontece que, ao pensar um pouco sobre o assunto nos últimos dias, motivado por situações particulares de vida, concluí que na verdade "prisão e liberdade" não são valores absolutamente incompatíveis, muito menos caminham em direções diametralmente opostas. No fundo, estão conectados e interligados entre si, em sintonia diária na vida de cada um de nós.

Como?

Vou tentar explicar.

É muito comum ouvir/ler a respeito das liberdades que o indivíduo possui no curso da vida. Que seríamos, de fato e de direito, inteiramente livres para exteriorizar nossas escolhas/opiniões nas mais variadas formas de manifestações da liberdade.

Exemplos da assertiva acima não faltariam: liberdade de expressão, liberdade religiosa, liberdade de pensamento, liberdade para escolher seu time de futebol, partido político, orientação sexual e por aí vai.

Em linhas gerais, segundo a filosofia budista (obrigado wikipedia!), o indivíduo somente conseguiria viver de maneira plena, livre dos condicionamentos mentais que causam a insatisfação, o descontentamento e o sofrimento caso se tornasse consciente das características da realidade que o cerca, ou seja, que os acontecimentos e fenômenos da vida são impermanentes, insatisfatórios e impessoais.

Melhor dizendo, a verdadeira felicidade só seria alcançada com certas doses de conformismos, pois há coisas contra as quais não se pode lutar.

Interessante, não? Você concorda? Se sua resposta for "sim", parabéns, permita-me chamá-lo, querido leitor, de "buda", ou seja, um ser iluminado que alcançou a realização espiritual.
 
Mas, não se sinta mal se você discorda da posição acima. Talvez, a humanidade seja igual a você. E ainda que não fosse, em tempos de respeito às diferenças e aos direitos das minorias, você não estaria em risco.

Só que eu falarei agora por mim. E acontece que eu não sou assim. (In)felizmente. Depende do referencial a ser adotado.

Quem me conhece sabe que essa coisa de conformismo não é muito a minha praia. Sou combativo, guerreiro, contestador. Alguns chamam isso de chatice, maluquice ou coisa de gente temperamental.

Pouco importa.

Particularmente, não acredito em livre-arbítrio. Pelo menos não dessa forma plena que a sociedade "vende aí na mídia". 

A mim, na verdade, o que existe é um "livre-arbítrio mitigado ou dirigido" (como operadores do direito adoram mitigar os conceitos das coisas...).

E sustento isso baseado em diversos fatores, dentre os quais, por exemplo, os aspecto cultural, temporal ou social nos quais o sujeito cresce e se desenvolve.

Exemplos bobos: 

(i) se você mora no Rio de Janeiro, suas opções de times de futebol são Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense. Quantos cariocas você conhece que torcem para o Bahia? São Paulo? Inter? Treze-PB?

(ii) quando escolhemos nossas amizades e nossa parceria amorosa, o fazemos livremente ou escolhemos critérios próprios ou em conjunto com critérios do meio onde vivemos?

(iii) a escolha de roupas, sapatos, tênis etc. são inteiramente livres de valores sociais?

Seja na vida pessoal ou profissional, em maior ou menor intensidade, você estará adstrito a valores que estes meios reputarão como os adequados. Será refém disso tanto no momento da reflexão quanto da escolha e da execução de seu "livre-arbítrio".

Dói saber isso?

Faz diferença?

Estamos condenados ao egoísmo inerente à espécie humana?

Enfim. 

Certamente depois de exercer seu "livre-arbítrio", você terá conflitos com aquela sua decisão. Se perguntará se tomou a melhor decisão, se aquilo realmente te faz feliz. E não poucas vezes descobrirá que o que ontem te fazia feliz hoje te traz muita dor, angústia e lamentação.

E partirá rumo a novos horizontes.

"Que seja eterno enquanto dure" (sua satisfação).

Concluindo: a diferença entre o conformismo (Buda´s way of life) e o inconformismo (anti-Buda) pode, grosseiramente falando, ser no sentido de que a corrida incansável e contínua pela felicidade plena importará quase sempre um preço alto a cada escolha realizada. Com o tempo, perceberá que o que você chama de livre-arbítrio te empurrará inúmeras vezes às encruzilhadas que te forçarão a novas escolhas e renúncias, percorrendo diversos caminhos curvilíneos e/ou circulares. Sob a bandeira da "liberdade" e pleno controle da sua própria vida você será apenas mais um refém da instabilidade humana, da imprevisibilidade da vida, da inquietude da alma.
 
Depois de ler o texto acima, responda com sinceridade: 

(1) você é um refém ou um fugitivo do livre-arbítrio?

(2) existe livre-arbítrio?

Seja como for, boa vida de escolhas a vocês! Com ou sem liberdade...










 

segunda-feira, 12 de março de 2012

A vida em 60 segundos

Calma, gente.

O título engana.

Ninguém colocou uma arma na minha cabeça. Não estou doente e não pretendo morrer nos próximos 60 anos. Pelo menos não antes de ver meu Flamengo campeão do mundo.

Hoje, vou desafiá-los com uma brincadeira, digamos, diferente.

Tente participar. A brincadeira não deixa de ser um processo de auto-conhecimento.

O desafio, em tese, é bem simples. Levante-se, pegue um gravador e fique em frente a um espelho. Em 60 segundos, em voz alta, faça um resumo da sua vida. Onde nasceu, de quem é filho, quantos irmãos, onde estudou, os lugares que conheceu, as experiências vivenciadas, seus maiores acertos, seus maiores erros, melhores amigos, grandes inimigos, planos para o presente, planos para o futuro, o que faria de novo, uma música, um momento, uma pessoa...enfim, resuma quanto e como der, sua vida.

Pense se o mundo terminasse hoje e você fosse deixar algum registro do que foi sua vida e do que você gostaria de ter feito ainda. Imagine que esse pequeno depoimento será o legado ou a mensagem sobre quem você foi. É a sua chance de se livrar do anonimato que cerca nossas vidas nesse mundo globalizado e sintonizado, mas igualmente frio e distante.

Um detalhe importante: se você fizer essa brincadeira, certifique-se que está sozinho, afinal, convenhamos, não é muito usual ver alguém falando sozinho na frente do espelho, não é? E não quero ser acusado aqui de instigar a doideira alheia!

Faça a brincadeira agora.

Ei, não me engane. Vá fazer a brincadeira.

Não continue o texto se você não fez.

Ok? Promete? Jura?

Beleza.

Agora que você fez a brincadeira, vamos à segunda etapa do jogo.

Isole-se no seu quarto. Coloque como trilha sonora a música que você escolheu. Em volume baixo.

Feche os olhos.

Escute sua gravação.

Relembre de seus pais e do amor que eles te deram até aqui. Das renúncias que fizeram. Das noite mal dormidas. Dos sonhos interrompidos para projetar os seus sonhos.

Pense nos seus irmãos. Nas coisas simples que fizeram juntos até hoje. Nas coisas que têm em comum, nos pontos de divergência. E lembre-se que eles estarão com você até o final.

Recorde-se do tempo de colégio e dos dilemas. Você os superou. Das histórias, das paqueras, das provas bimestrais e das aulas de educação física.

Observe quais são os seus maiores acertos. Mantenha-os. Multiplique-os. Torne-se exemplo àqueles que estão ao seu redor. Faça o certo. Pratique o bem.

Seus defeitos? Aprenda com eles. Reflita sobre o que perdeu por agir errado. Onde errou e o que precisa mudar. A vida é mutável. Você não é mais o garotinho de ontem e ainda não é o idoso do amanhã. A vida é uma sucessão de experiências compartilhadas e adquiridas com terceiros. Não há espaço para teimosia.

Convide seus melhores amigos para um chopp. Relembrar histórias do passado e do presente. Faça um esforço para não deixar a rotina afastar de ti aquelas pessoas que escreveram importantes capítulos na tua vida. Não tem tempo? Isso é o que o sistema quer que você acredite. Sim, você tem tempo. Nem que seja 1 hora da semana para destinar a um papo com os seus amigos. Ninguém é feliz sozinho. Vencer e não ter com quem compartilhar isso é muito triste.

Nem sempre um inimigo é produto do erro de terceiros. Se você errou, seja humilde. Peça perdão. Arrependa-se. Para que carregar algo ruim para o resto da vida? Vale a pena tamanho orgulho? Faça sua parte. De repente, você não terá aquela amizade novamente, mas pode impedir energias negativas sobre você.

Seus planos? Se você sabe quais são, o que está esperando para colocá-los em prática? O futuro nada mais é do que o produto das suas ações no presente. Veja, você sabe o que te fará feliz (ou mais feliz). Vá atrás de seus sonhos, de seus planos.

Lembrou do que você faria de novo? Deve ser porque te fez feliz, não é mesmo? Por que não repetir a fórmula?

Pensou em alguém? Se ela estiver do seu lado, diga-lhe que a ama muito. Dê um abraço forte. Relembre as histórias entre vocês. Diga-lhe o que mais gosta nela(e). Façam planos, escolham lugares para visitar e conhecer juntos.

Como podem ver, a brincadeira não é tão simples quanto parece, não é tão fácil como se supunha. Mas, talvez, bastam 60 segundos para uma reflexão capaz de impor transformações na sua vida.

Transformações que terão o condão de fazê-lo feliz. Ou de libertar sua alma ou liberar suas angústias.

Melhor "desperdiçar" 60 segundos de seu tempo agora a lamentar por uma vida inteira por aquilo que não conseguiu enxergar ou fazer.

Pense nisso.

E não reclame ou lamente da vida. Você é um vitorioso, ainda que tenha tido obstáculos no caminho. Quem não os teve? Dê uma olhada ao seu redor e certamente verá que possui mais motivos para comemorar do que lamentar.


Enfim, brinque. Reflita. Viva.


Se tiverem paciência, dêem uma olhada no vídeo abaixo!


Boa semana!