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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Religião: a maior invenção humana da história


Não me queira mal, leitor. Não mesmo.

Acima de qualquer opinião, meu respeito em grau máximo às crenças individuais alheias. Se você tem ou não religião e qual é ela, sinceramente, não me interessa. O livre-arbítrio confere a cada um de nós a faculdade de promover nossas próprias escolhas, segundo os mais variados, conflitantes e antagônicos critérios, muitos dos quais desprovidos de razoabilidade, fundo científico e de auto sustentação. E até que me provem o contrário, há coisas na vida para as quais simplesmente não se encontra explicação/justificação. E a existência de Deus, da maneira como concebida há pouco mais de 2.000 anos, certamente é uma delas.

Feita a ressalva acima, reforçando a idéia de que o assunto em voga é polêmico, apresento um questionamento digno de reflexão: até que ponto a religião orienta a caminhada do Homem?

A indagação acima é bastante oportuna a medida que nos deparamos em qualquer era da história da humanidade com a relação visceral entre Homem e Religião, cúmplices e dependentes um do outro. Para o bem e para o mal.

Novamente: não estou aqui a atestar ou reconhecer a inexistência do "Big Boss" (pelo amor de "Deus"!), mas sim pontuar a respeito da alternativa encontrada pelo Homem no decorrer de sua história para chancelar seus atos e justificar suas ambições, sem maiores resistências ou contestações. 

Pode não parecer, mas a mim, religião e Deus são coisas distintas. A começar pelo fato de que a religião tem se revelado falha, frágil e incapaz ao longo dos séculos de promover na espécie humana aquilo que seus fiéis poderiam esperar dela.

A história da humanidade corrobora a idéia acima, senão vejamos.

Nos dias de hoje, "em nome de Deus", pessoas se explodem, retirando a vida de outras. "Em nome de Deus", os homens promovem guerras. "Em nome de Deus", uns enriquecem com o dízimo de outros. "Em nome de Deus, busca-se justificar a existência de ricos e pobres, alegria e tristeza, felicidade, dor e sofrimento. "Em nome de Deus" comete-se os mais variados crimes contra os nossos semelhantes.

No passado, a religião foi usada para justificar o poder dos soberanos, a concentração de riquezas, a matança de opositores, o não desenvolvimento da ciência e do próprio homem.

No passado, "em nome de Deus", de acordo com a religião dominante. No presente conforme a multiplicidade de religiões difundidas entre os homens na Terra. Salvo meia dúzia delas, para as quais há críticas e resistência em se admitir como sendo uma, a religião acorrentou o Homem de uma tal maneira que seu futuro é posto em xeque.

É possível perceber a presença da religião nos capítulos mais tristes da história da humanidade. E saiba, leitor, isso é um fato e não  uma opinião.

A religião trouxe "em nome de Deus" a ganância, corrupção, pedofilia, mentiras, mortes, miséria, crimes diversos, razão pela qual, se existe um Deus, pai de tudo e de todas as coisas, será que realmente ele estaria satisfeito com a maneira como seus filhos invocam seu nome e o celebram?

Será que seríamos uma sociedade melhor sem a presença da religião?

Até que ponto o modelo econômico, político e religioso escolhido por cada sociedade interfere direta ou indiretamente no estilo de vida e na relação entre Homem e Deus?

Até que ponto o enfraquecimento da família, das instituições, dos bons costumes corrobora para o distanciamento entre Homem e Deus?

Até que ponto a alienação geral torna o homem cada vez mais refém e dependente da religião?

Como seria a vida do homem diante da certeza de que não há nada depois da morte?

Fascinante, desafiador e certamente, tema de muito debate.

Eis o paradoxo trazido pela análise da história da humanidade nos últimos dois milênios: quanto mais o Homem se aproximou de uma religião, mais ele se afastou de Deus.

No entanto, como toda regra, a religião comporta exceções. Até mesmo pela minha ignorância cultural e religiosa acerca de várias existentes nos dis de hoje, eu não poderia equipará-las e igualá-las em defeitos e virtudes. Só ouso a afirmar que mesmo não as conhecendo inteiramente, dificilmente haverá alguma capaz de responder a todos os questionamentos do Homem e/ou trazer a tão conclamada e desejada "paz espiritual". Na sua essência, o homem é um ser inquieto, ávido por respostas e mudanças. E isso, por si só, já contrasta com a idéia de religião.

Por outro lado, é forçoso reconhecer a importância da religião em diversos aspectos. E por óbvio, cada religião também é capaz de fazer o que dela se espera: ajuda aos necessitados, projetos sociais, paz interior e também, por que não, um direcionamento para vida de cada um (conselhos, incentivos etc).

Se o mundo está do jeito que está mesmo com a religião defendendo e lutando por seus dogmas (muitos dos quais colidem com "a evolução da sociedade contemporânea"), imaginemos como seria a ausência de religião na vida de todos nós.

Até porque, lembre-se, por menos religioso que você seja, no primeiro sinal de fraqueza, você pede proteção divina. Faz o sinal da cruz. Reza, ora, suplica. Faz promessa a santo. Ajuda a quem precisa. Frequenta missa ou similares em busca de tranquilidade, harmonia e paz. Faz ou deixa de fazer coisas por conta de crenças ou ensinamentos advindos de alguma religião. E por aí vai. Queira ou não, a vida de todos nós em diversos momentos é influenciada pela religião. E isso independe da sua crença em Deus.

E por isso, a conclusão: a religião foi a maior invenção humana da história.

Nota do Autor: acredito em Deus, tenho formação católica, conhecimento em outras religiões, passagens de vida reveladoras da presença divina e uma única certeza: a minha crença em Deus não passa por orientação de nenhuma religião criada pelo Homem. Somos falíveis, instáveis, manipuladores, mentirosos e insuficientemente capazes de entender tudo aquilo que envolve a criação da Terra, do Homem e de tudo mais que existe por aí.


sexta-feira, 1 de junho de 2012

À Nação Rubro-Negra - Parte 1




À Nação Rubro-Negra,

É preciso reagir. Com frieza e inteligência, acima de tudo. E, sem sombra de dúvidas, com a ajuda de pessoas do bem, rubro-negros legítimos, desprovidos de interesses políticos, econômicos ou auto promocionais.

O Clube de Regatas do Flamengo necessita da ajuda de rubro-negros honrados, idôneos, com um mínimo de efetiva boa vontade e senso crítico, e ideologicamente independentes daqueles que há décadas apequenam o clube mais popular do país, sugando-lhe as forças, os recursos, a alma.

O horizonte que se avizinha é sombrio. E saiba você que nem meia dúzia de conquistas não terá o condão de mascarar a triste realidade: o Flamengo se tornou há tempos uma bagunça institucionalizada, povoado por urubus famintos, movidos por ganância e interesses pessoais, pouco importando se isso resultará no sofrimento de milhões.

O sentimento de revolta que há muito habita meus pensamentos só não causa um estrago maior e irreparável porque, graças a Deus, aos meus pais e ao meu esforço pessoal, consigo ter outras preocupações e objetivos de vida que exigem de mim atenção e dedicação.

Mas, infelizmente, não é essa a realidade de outros milhões de torcedores, igualmente ou até mesmo mais apaixonados pelo Flamengo do que eu, muitos dos quais deixam de colocar comida em casa para assistir a um jogo do time ou mesmo adquirir um produto do clube. Isso sem contar aqueles que usam o futebol para amenizar um pouco o sofrimento pelas dificuldades diariamente enfrentadas em nossa sociedade.

Por mim, por eles e por outros rubro-negros que certamente estão indignados e sofrendo com a situação atual do Flamengo, resolvi escrever essa carta, não me preocupando se a mesma ficará extensa, dificultando sua leitura.

Ainda que ao final, seja o único a lê-la, terei cumprido o meu papel. Mas, nunca, em nenhuma hipótese ou sob qualquer condição, lavarei as mãos. Jamais, em tempo algum, desistirei do Flamengo e negarei o amor que sinto por este clube.

A pretensão de apresentar os problemas e esgotar as soluções passa bem distante nesta carta. Beira o amadorismo supor que esta carta seja capaz de solucionar todos os problemas do Flamengo. E de amadores, já bastam as gestões dos últimos 117 anos.

Você, torcedor e apaixonado pelo Flamengo, não perca seu tempo em me odiar ou me amar. Em concordar em parte, na íntegra ou discordar veementemente de tudo que vou escrever. A idéia aqui é resgatar o espírito rubro-negro que existe dentro de você. É romper a inércia com que a torcida do Flamengo lida com as sucessivas atrocidades cometidas por dirigentes, jogadores, empresários e “torcedores profissionais” (leia-se: os infiltrados na Gávea através de seus poderes institucionais e aqueles cujo apoio é financiado por diretorias em troca de ingressos e sabe-se lá mais o que).

É preciso reagir. Dar o pontapé inicial. Trazer para perto homens que façam a diferença. Afinal, uma Nação que conta com 35 milhões de seguidores não pode ser refém pela ditadura de uma minoria, não concordam?

Eu gostaria muito de conclamar a imprensa para me ajudar na difusão desse manifesto. Mas, infelizmente, uma imprensa verdadeiramente livre e independente parece ser uma utopia presente apenas em livros de ficção política. Isso para não adentrar no mérito do pleno desconhecimento e despreparo com que ditos profissionais noticiam as informações vindas da Gávea.

A conveniência faz a imprensa invocar a bandeira da liberdade de imprensa. Balela. Infelizmente, o futebol é apenas mais um segmento dessa sociedade aprisionada pela alienação geral, pela reduzida capacidade crítica com que se discute idéias neste país e pelo ceticismo que ronda nossas instituições.

Diariamente, em praticamente todos os meios de comunicação, é possível enxergar o desfavor com que a imprensa e seus doutos profissionais prestam ao Mais Querido do Brasil (para não adentrar em outras searas), expurgando para longe da Gávea a esperança de dias melhores e de retomada ao caminho do crescimento enquanto instituição e de solidificação da marca no mercado interno e internacional, veiculando-se notícias falaciosas, tendenciosas e que nada acrescentam para as devidas mudanças que urgem ocorrer no Clube de Regatas do Flamengo.

E se o debate na imprensa não pode ser total, livre e independente, não presta para o objetivo pretendido: resgate da auto-estima e do caminho por dias melhores.

Assim, você torcedor rubro-negro de bem, diferente de quem hoje é situação ou oposição na vida política do Flamengo, preocupado com a quantidade de besteiras cometidas pela atual diretoria e pelas que lhe sucederam, leia com atenção essa carta. Que este desabafo avance pelo mundo virtual e chegue ao conhecimento de um número máximo de pessoas interessadas em resgatar o Flamengo do mundo das trevas para onde foi lançado por seus “líderes”.

Nasci em 1981. Sou cria da geração de ouro da Gávea. Desde cedo, acostumei-me com conquistas históricas, com vitórias e com o orgulho que era torcer e representar o Flamengo onde quer que eu estivesse. Vi jogadores com reduzida capacidade técnica se transformarem em ídolos. Cresci com os adversários temendo e respeitando o time, sua torcida e, principalmente, a instituição.

Em algum momento, tudo isso foi perdido.

Seria cômico, se não fosse trágico, observar neste ano eleitoral, que as mesmas figuras que se arrastam há décadas no Flamengo surgem como esperança de dias melhores, de modernização. Até quando seremos obrigados a aguentar esses ex-presidentes, que trocam acusações e ofensas repetitivamente, como se fossem imunes às críticas e que carregassem histórico de acertos e reputações idôneas. Façam-me o favor...

O abismo bate a porta. O medo também. Há um campeonato brasileiro pela frente e um time despreparado, sem alma, sem identidade. E até lá, disputas eleitorais, novas crises, dívidas e mais um ano perdido, sem conquistas, sem resgate da auto-estima, sem implementar qualquer ideologia minimamente profissional.

Divulguem esta carta. Façamos um movimento pacífico e inteligente. Vamos protestar contra quem aterra sonhos de ver um Flamengo referência mundial.

Nas próximas manifestações, falarei um pouco sobre o caso envolvendo o R10, Lei Pelé, categorias de base, parte tática e técnica do time, contratações, política do clube, treinadores, patrocínio, quadro social do clube, dentre outros assuntos.

Fica aqui registrado o meu protesto. O meu “basta”, o meu repúdio com que todos esses dirigentes fizeram com o Flamengo ao longo dos últimos 30 anos. Não será a entrega de um CT, conquista de títulos em esportes amadores e pagamento de juros de dívidas que acabarão com a minha insatisfação.

Pensemos em alternativas.

Porque do jeito que está, o Flamengo em breve se tornará um ex-clube grande, vivendo cada vez mais do passado, tal como fazem seus pares aqui no Rio de Janeiro.

Rubro-negros de bem e Geração de 81, salvemos o Flamengo.

SRN!

Observação: Para quem possa contestar meu lado rubro-negro, digo em minha defesa preventiva que desde meus 12 anos passei a ir sozinho ao Maracanã, em jogos decisivos ou simplesmente diante de times inexpressivos em campeonatos diversos (sempre pagando meus ingressos e me submetendo a horas de fila, cambistas, despreparo da PM e outros absurdos que só quem vai ao estádio é capaz de saber). Ajudo indiretamente o clube adquirindo produtos oficiais todos os anos e pagando pelo sistema de pay per view. Em breve, me tornarei sócio, pois pelo Estatuto do Clube, somente quem for sócio adimplente e por 3 anos, salvo engano, possui o direito de participar da vida política do clube. E não haverá qualquer mudança nessa bagunça chamada Flamengo se não houver reforma política e rubro-negros idôneos a frente desse processo de transformação.