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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Tempo perdido


Para quem aprecia escrever, hoje é um dia terrível. Por mais esforço que seja empregado, simplesmente as palavras não conseguem traduzir a angústia experimentada. Nada parece fazer sentido. E realmente, não faz. Um bloqueio psicológico inviabiliza o jogo de palavras, a expressão de sentimentos. Pensamentos contraditórios se misturam e se pulverizam diante de neurônios já debilitados pelo avançado estágio de putrefação de idéias. Um caos completo e aparentemente irrerversível.

Falta tudo. A começar pela inspiração. A falta dela sufoca quem dela se abastece para enfrentar os desafios diários que a vida impõe. Um horror.

Pequenas gotas se transformam em verdadeiras tempestades. De repente, tudo se potencializa. Para o bem e para o mal. Você está cego, surdo e mudo. Verdadeiro prisioneiro da sua própria vida. O barco está afundando em mar aberto e você é incapaz de pedir ajuda.

Tenso, muito tenso. A luta parece ser desigual e covarde.

Você olha para o tabuleiro e percebe que seu adversário dará um xeque-mate em três lances. Seu destino parece selado. A vergonha pela derrota inevitável. A sensação de impotência diante de um adversário feroz e traiçoeiro.

E você passa a se questionar como tudo chegou a esse ponto. Não encontra respostas, não vê alternativas ou saída. Cogita entregar os pontos e negociar sua rendição ao exército do inimigo.

Ao olhar para o espelho, não vê brilho nos seus olhos. Observa o muro ao lado pixado com expressões injuriosas ao seu respeito. Jura ouvir gritos caluniosos em sua direção. Você senta e se considera uma farsa. Uma vergonha. Um derrotado. Um fracassado. Um inútil.

Sente-se sozinho e isolado de tudo e de todos. Aguarda apenas o apito final do árbitro.

Até que você lembra daquele dia em que encheu o pulmão de ar para vociferar ao mundo que desistir é opção dos covardes.

Aquilo mexe contigo. Você sente um arrepio no corpo inteiro. Levanta a cabeça e respira fundo. Ninguém disse que seria fácil. Não houve sequer uma promessa de facilitação. Você faz a sua história, escreve seus capítulos. E percebe que as dificuldades farão da sua trajetória, algo épico e fonte de inspiração alheia.

O corpo que até então sucumbia à idéia da derrota, fortalece-se. Você está no ringue, levando sucessivas pancadas do oponente. Mas, teimoso, cambaleante, ousa levantar-se mais uma vez. E mais uma. E outra. Mais algumas vezes. Incrédulo, o adversário não sabe mais o que fazer. Ele olha nos seus olhos e percebe que você não vai desistir. Jamais. A luta terá muito mais de três rounds. E ao final, haverá apenas um vitorioso: você.

Todos estamos suscetíveis a momentos de fragilidade. Isso é ser humano. Mas, fundamental lembrar de todos aqueles que em algum momento da história passaram pela sua vida, contribuindo com conselhos, experiências, dicas, lições, exemplos. A eles, pessoas que nos amam incondicionalmente, devemos o nosso dever de lealdade, de não desistir.

E ali, naquele tabuleiro de xadrez, naquele barco ou naquele ringue, você renasce das cinzas. Mais forte, mais centrado. Firme nos seus objetivos. Levanta e encara seu adversário, sem medo.

Demande o tempo que for preciso, você construirá sua história. Uma história valiosa, composta dos mais variados e diversificados momentos. E ao olhar para trás, dará um sorriso apaziguador sobre as dúvidas de outrora. Você é um guerreiro, um combatente. Que jurou lá atrás que não desistiria até conquistar o mundo. O seu mundo. Honra e dignidade. Sempre. 

O mundo até pode duvidar do seu sucesso, mas jamais duvidará de sua coragem e de sua persistência. E sempre respeitará a sua batalha.

Levante, soldado. Você é imortal. Em seus ombros repousa a esperança e a alegria de muitas vidas. Perde-se uma batalha para ganhar uma guerra. Aos homens de bem são imputadas a chama da responsabilidade por dias melhores. Gerações futuras usarão o seu exemplo e invocarão seus feitos para afugentar os inimigos.

Rogo a Deus discernimento contínuo. E suplico perdão por minutos de fraqueza. Ontem, hoje, amanhã e sempre, meus agradecimentos por tudo.

Para o alto e avante. Até o topo da felicidade, sem olhar para trás, deixando pelo caminho as pedras e os espinhos.

Que venha 2012 e seus desafios.

Saúde, paz e amor. O resto a gente corre atrás.



Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...
Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder...
Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E Selvagem! Selvagem!
Selvagem!...
Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos...
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo...
Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens...
Tão Jovens! Tão Jovens!...