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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

30 de março de 1999

Boa noite, amigo leitor.

A idéia de criar e manter um blog sobre o Flamengo ficou um pouco de lado. Falar sobre futebol é restringir demais o universo de assuntos a serem ventilados no espaço virtual. Além disso, sou um rubro-negro muito apaixonado, com fortes convicções e isso invariavelmente resulta em acaloradas discussões com os torcedores rivais e na lamentação de minha parte em relação à ignorância futebolística com que se reveste boa parte da torcida do Flamengo e os tais entendidos sobre o assunto.

Inauguro esse espaço hoje para discorrer sobre assuntos do cotidiano, relembrar passagens da minha vida, prestar homenagens a pessoas que as mereçam, enfim, não sei qual será a freqüência com que manterei esse blog atualizado, mas espero que quem aqui resolver se aventurar se satisfaça com a leitura e não a termine prometendo nunca mais retornar ao blog.

Hoje, falarei sobre algo fantástico que me aconteceu ontem. Não deve ser difícil imaginar que desde moleque, sempre gostei de escrever. Não estou falando que exerço essa tarefa com louvor e primor técnico avançado. Mas, escrever sempre foi um caminho que encontrei para apaziguar um pouco a aflição da minha alma e uma maneira diferente de colocar no papel (hoje em dia, na tela do monitor) alguma coisa que pudesse fazer a diferença no mundo, nem que fosse apenas para mim.

Quando adolescente, não havia email, twitter, orkut, facebook etc. E olha que não tem muito tempo assim que fui um adolescente (bem, na verdade, já faz um tempinho, mas façamos de conta que ainda sou jovem nos dias de hoje). Um sujeito como eu se via obrigado, caso quisesse escrever para amigos, perder longas horas com caneta e papel na mão, além de se dirigir a um posto dos Correios para enviar cartas. Hoje tudo é mais fácil, mas sei lá, só quem recebia cartas sabe o efeito e o prazer que isso causa na gente. Com risadas, lembro que escrevia no verso dos envelopes "carta social" para pagar R$ 0,01 pela postagem! Fato que se tratava de uma era mais romântica das correspondências ...

Pois bem, como disse acima, ontem aconteceu algo fantástico. Já era noite e eu estava conectado na Internet quando o meu celular tocou. Do outro lado da linha, uma amiga minha da época do Colégio Marista me disse que tinha encontrado uma carta que lhe escrevi em 30 de março de 1999, quando estávamos no terceiro ano e me perguntava se poderia ler trecho da mesma.

Na hora concordei. O que será que escrevi há 12 anos atrás para ela? Curiosidade falou mais alto, claro. E a medida que ela lia, alternávamos gargalhadas, comentários e até lágrimas. Era como se naquela época eu tivesse uma bola de cristal e pudesse prever como seria a nossa relação 12 anos depois. Impressionante!

E aquilo me provocou uma reflexão, principalmente porque na aludida carta, mencionei o nome de meia dúzia de colegas de turma que jurava jamais me afastar. O que deu errado com relação a essas pessoas? Mesmo pensamento apliquei para os colegas de turma da FND. Como as coisas fogem ao controle da gente e a vida se encarrega de afastar aqueles que um dia foram essenciais, que por muitos anos dividiram diariamente sonhos, alegrias, tristezas e angústias, não é mesmo?

Será que há uma razão para isso tudo? É culpa de quem? Ao longo da vida conhecemos e fazemos amizades na mesma velocidade com que as abandonamos. Pense na quantidade de homens ou mulheres com que você se relacionou. Quantos desses rolos você namorou? Ok, não precisamos ir muito além, com quantos desses você lembra o nome ou sabe de algo marcante que tenha acontecido com essa pessoa nos últimos tempos?

Gostamos de viver em sociedade, mas somos na essência um ser solitário. Perdemos muito tempo com bobagem e perdemos a chance de cultivar uma amizade que pode te render bons frutos hoje e sempre. Afinal, pais, irmãos e parentes não escolhemos. Mas, um amigo somos nós quem escolhemos.

Lamento por todos aqueles que ficaram pelo meio do caminho. Uma pena hoje não ter o carinho e a intimidade de outrora com essas pessoas. Abro arquivos de fotos no computador ou vejo álbum de fotos nas prateleiras do meu quarto e tenho a percepção de quantas pessoas simplesmente sumiram ou se tornaram indiferentes. É uma pena. Porque a amizade é algo que te conforta em todos os momentos e não deixa de ser um reflexo de quem você é ou foi nessa vida.

A minha sorte é que, dentre tantas pedras no caminho, construí até aqui ótimas amizades com pessoas especiais. E para essas pessoas, a sensação como a que tive ontem é inigualável, impagável, indescritível. Quando havia de tudo para dar errado e quando muitas eram as dúvidas, a verdadeira amizade sobreviveu a isso tudo. E o melhor: vive a sua melhor fase hoje em dia.

Certamente um dia terei esposa e filhos. Mas para sempre vou querer os meus amigos pertos de mim. Pois foram, são e serão eles o alicerce e a chama que me manterão vivos e na luta diária para superar os desafios da vida.

30 de março de 1999, uma data que entrou para a história.

Obrigado por você existir.

2 comentários:

  1. Tah bom..a carta não foi minha..dessa vez...mas, PRIMEIRA A POSTARRR COMENTÁRIOOOOOOOOOO!!! Mesmo de longe tento me fazer presente...claro q nem sempre acontece...mas, a gente vai levando..o importante é saber q, no matter what, algumas pessoas são para sempre...e, com certeza vc é uma delas para mim ( e, não sei pq, sei q tbm sou para vc!). Grandes amizades duram o tempo e a distancia q for...Bjus

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  2. Murad, to lendo teu "Blog", meus parabéns, cara!

    Em relação a sse texto, especificamente, me senti na obrigação moral de postar. Não com você, mas comigo mesmo. Cara, embora um pouco mais expansivo, às vezes, sou uma pessoa muito reflexiva.

    Volta e meia me pego pensando nessas paradas... Pessoas que eu via mais do que a minha mãe, diariamente, ria, passava perrengue, zuava... hoje, no máximo, são um contato de "facebook"; e olhe lá... A vida é assim mermo. Ao futuro, sem querer citar clichê, "a Deus pertence."

    Mas fico pensando, será que quem vai mudar, será que eu vou mudar, quem manterá contato, quem sumirá, quem fará muito sucesso, ficará famoso, quem poderá se dar mal (a vida é dura)...

    Forte abraço!

    Aragão

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